segunda-feira, 31 de maio de 2010

Casa Real espanhola também aperta o cinto

Rei Juan Carlos pediu a primeiro-ministro Zapatero um corte, a partir de Junho, no orçamento destinado anualmente às suas despesas.


A crise económica afecta a todos e a Casa Real espanhola está a ser pressionada para apertar também o cinto. Em 2010, o Rei Juan Carlos tinha previsto receber 8,9 milhões de euros para as suas despesas, de que não precisa prestar contas. O pagamento é trimestral e o Rei já terá pedido ao Governo, liderado por José Luis Zapatero, que corte nesse valor a partir de Junho. O suplemento La Outra Crónica, do jornal El Mundo, fez as contas e diz onde o monarca pode poupar 1,7 milhões de euros (ver caixa).

O orçamento entregue ao Palácio da Zarzuela serve para pagar os únicos dois salários da Casa Real: o de Juan Carlos e o do príncipe herdeiro, Felipe. Além disse, cobre o ordenado daqueles que trabalham directamente com a monarquia, num total de 200 pessoas. Destes, há funcionários que têm o salário equiparado ao de ministros – como o chefe da Casa Real, Alberto Aza – ou de secretários de Estado. Apesar do estatuto diferente, têm visto o ordenado aumentar na mesma proporção que estes e agora devem vê-lo também diminuir. Zapatero anunciou um corte de 15% nos salários dos altos cargos governamentais.

Os 8,9 milhões servem ainda para os gastos diários com alimentação na Zarzuela, as viagens privadas, os carros particulares e, claro, com o vestuário. Neste ponto, o Rei já anda a poupar há pelo menos 18 meses – o tempo em que não encomenda um fato novo (de 2000 a 2500 euros) ao alfaiate Gonzalo López, segundo o El Mundo. Já a rainha Sofia e a nora Letizia costumam repetir sem problemas os mesmos vestidos.

Em 2006, a Casa Real espanhola teve um orçamento de oito milhões de euros. Um valor que subiu até 2009, alcançando os 8,9 milhões. Perante os primeiros indícios da crise, Juan Carlos tinha pedido para que o valor se mantivesse este ano e agora aceita mesmo diminuí-lo. A monarquia custa a cada espanhol 19 cêntimos. Isto directamente, porque há outros gastos que são assumidos por vários ministérios, como, por exemplo, as viagens oficiais.

Ainda assim, a monarquia espanhola é das mais baratas. A britânica custa 81 cêntimos a cada britânico (orçamento de 48,8 milhões de euros), enquanto a sueca ronda os 55 cêntimos (5,13 milhões em 2006). Em comparação, a Presidência da República Portuguesa custa, segundo o Orçamento do Estado 2010, 20,7 milhões de euros – 1,9 euros por português.

Diário de Notícias, 30 de Maio de 2010

sexta-feira, 28 de maio de 2010

CORTES DE COIMBRA DE 1385

Se as classes política e intelectual dos nossos dias tivessem alguma abertura de espirito e fossem social e culturalmente menos complexadas, podiam ter colhido muito das ideias, dos saberes e das experiências que foram, ao longo dos tempos, forjando a identidade portuguesa e a nossa maneira de sentir e estar no mundo.
O “novo riquismo” europeísta das classes dirigentes, apoiado no diletantismo bacoco de uma “intelligentsia” esvaziada e de extracção recente, conduziram ao marasmo em que nos encontramos, de que só sairemos quando Portugal e os Portugueses se reencontrarem.

O Texto que se apresenta é bem o exemplo de como, em situação de crise, se escolhe um Rei e se reconstrói um Reino.

“Abertas as côrtes de Coimbra, o Chanceler João das Regras tomou logo a mão para falar, porque a ele tinha sido secretamente confiado o difícil papel de pôr fora de combate, em proveito do Mestre de Avis, os outros candidatos ao trono de Portugal.
Ocupou-se em primeiro lugar da candidatura de D. Beatriz. Combateu-a dizendo que a rainha de Castela era filha adulterina de D.Leonor Teles, por isso que nascera sendo vivo João Lourenço da Cunha; que D. Fernando e Leonor Teles eram ainda parentes em grau que não admitia dispensa, por isso que tanto D. Fernando como João Lourenço da Cunha eram trinetos de D. Afonso III; que, finalmente, não podia haver certeza de que D. Beatriz fosse filha do rei D. Fernando.
E, a fim de libertar de escrúpulos o espírito dos fidalgos que estavam ligados por juramento à causa de D. Beatriz, recordou a violação dos tratados por parte do rei de Castela, e que este estava fora do verdadeiro grémio da Igreja, por isso que reconhecia o papa de Avinhão, ao passo que o governo do mestre de Avis reconhecia o santo padre Urbano, o verdadeiro papa.
O auditório deixou-se arrebatar pela palavra ardente do douto chanceler, e os aplausos rebentaram de todos os lados da sala, especialmente quando ele apelou para o sentimento de nacionalidade, que devia levar todos os bons portugueses a repelirem a candidatura de D. Beatriz, que representava simplesmente uma absorção.
Triunfante da primeira dificuldade, João das regras passou a falar dos dois filhos de D. Inês de Castro.
Esta investida era muito mais difícil, não só porque era muito numeroso o partido da legitimidade, mas também porque o próprio mestre de Avis reconhecera o direito do infante D. João, filho mais velho de Inês de Castro. Mas João da Regras, com a sagacidade que lhe era peculiar, procurou atacar a questão pela raiz, e tratou logo de pôr em duvida a legitimidade do casamento de D. Pedro com D. Inês de Castro. Notou as inverosimilhanças que se davam entre o caracte resoluto de D. Pedro e o suposto receio de declarar enquanto seu pai fosse vivo, que D. Inês era sua legitima mulher; observou que não era crível que todas as pessoas que se dizia terem assistido ao casamento perdessem a memória do dia, mês e ano em que se realizou, excepto uma só, Estevão Lobato, cuja declaração devia avivar a reminiscência dos outros que foram presentes; estranhou que D. Pedro fizesse semelhante declaração só depois de transcorridos quatro anos sobre a morte de seu pai.
“E porque pensais que isto assim então foi feito? (São palavras que Fernão Lopes atribui a João das Regras). Porque em vida de el-rei seu pai, nem depois até aquele tempo, nunca ele pode haver dispensação do Papa, que lhe legitimou os filhos; então fez aquela publicação como vistes, por mostrar que eram lídimos, e valesse o que pudesse valer.”
Tendo preparado o seu discurso com uma sagacidade verdadeiramente notável, João das Regras ia subindo lentamente a escala dos efeitos, e de si para si rejubilava de ver que os seus golpes eram certeiros, e produziam o resultado esperado.
Portanto, fez notar que ainda que D. Pedro tivesse casado com D. Inês, o casamento seria ilegítimo, porque D. Pedro era primo co-irmão do pai de D. Inês de Castro, e ainda também porque D. Inês fora madrinha do Infante D. Luís, filho de D. Pedro e de D. Constança, o que constituía grave impedimento.
Estavam, pois, fora de combate D. Beatriz de Castela e os filhos de D. Inês de Castro, os quais, além da ilegitimidade da sua origem, tinham desservido a pátria em favor de Castela. Pelo que só restava eleger o mestre de Avis que, sobre ser de origem real, tinha defendido heroicamente a pátria em circunstâncias tão difíceis.
Ainda assim, a vitória de João das Regras não era decisiva, porque a assembleia estava dividida em duas facções: uma, que se inclinava para a causa do Infante D. João e era capitaneada por Martim Vasques da Cunha; outra, que advogava a causa do mestre e tinha por orador João das Regras e por leader Nuno Álvares Pereira.
Não se chegara ainda a resolução nenhuma, e a vaga parecia mesmo rugir ameaçadora, o que suscitou a Nuno Álvares a ideia de se desembaraçar violentamente de Martim Vasques. Mas João das Regras parecia tranquilo ao passo que Nuno Álvares se mostrava impaciente. Era que João das Regras tinha ainda de reserva um golpe terrível, que em ultimo caso vibraria triunfantemente.
Com efeito, em nova sessão das côrtes João das Regras pôs em acção a sua aartilharia de reforço, e preparou-se para ler uns documentos “que ele quisera calar”.
O primeiro documento lido foi uma carta do rei D. Afonso ao arcebispo de Braga pedindo-lhe a us interferência paraa que o papa negasse a seu filho D. Pedro, que andava “embevedo de amores”, a dispensa que ele solicitasse para casar com D. Inês de Castro.
Depois, João das Regras passou a ler uma caarta de D. Pedro ao papa, na qual lhe declarava que havia casado com D. Inês de Castro, não obstante o parentesco que tinha com ela, e lhe pedia que confirmasse o casamento, “em guisa que os moços ficassem legítimos”.
Em seguida, e depois de fazer sentir à assembleia a intensidade dos esforços que os embaixadores de D. Pedro empregariam junto da Santa Sé, para obterem a confirmação papal, João das Regras desenrolou um terceiro pergaminho, que passou a ler.
Era a resposta do papa à solicitações de D. Pedro.
Este documento, bem como os outros já referidos, vêm estampados na crónica de Fernão Lopes. Mas, a fim de não alongarmos fastidiosamente a narrativa, limitar-nos-emos a noticiar que o papa Inocêncio VI recusava categoricamente legitimar o casamento e os filhos.
Em vista destas provas, que tinham um grande valor, sobretudo se atendermos à época, o grupo que defendia a legitimidade do filho mais velho de Inês de Castro, alijou os seus escrúpulos, e fez causa comum com os defensores da candidatura do mestre de Avis.
Então, os prelados, fidalgos e procuradores dos concelhos foram oferecer ao mestre a corôa de Portugal. Outro qualquer havê-la-ia recebido a impulsos de alegria, sem procurar firmar-se cadaa vez mais no terreno. Mas o mestre de Avis sabia também preparaar efeitos, e alegou que “havia tais embargos assim no defeito de sua nascença, como na profissão que à ordem de Avis fizera” e, principalmente, que seria inconveniente que sendo rei fosse vencido por Castela, facto que a dar-se não desairaria nem o reino nem a ele, não passando de um simples cavaleiro. Por ultimo, que contassem sempre com a sua boa vontade quando se tratasse de defender a pátria.
A isto replicaram os prelados, fidalgos e procuradores dos concelhos instando para que aceitasse a corôa, porque de outro modo Portugal correria grande risco de cair nas mãos dos inimigos, “maiormente sismáticos e reveis” à Santa Igreja.
O mestre de Avis, que já não podia ser de futuro acusado de ambicioso, porque tinha dificultado a sua anuência, cedeu por fim, e tudo se preparou desde então para o acto solene de aclamação, sendo Nuno Álvares Pereira encarregado de dirigir os apercebimentos da festa.
Com efeito, o mestre de Avis foi aclamado rei de Portugal a 6 de Abril de 1385, tendo vinte e sete anos de idade.
Finalmente, a obra começada pelo povo acabava de ser coroada pelo clero e pela nobreza.
Sentava-se finalmente no trono de Portugal um rei que a vontade popular indicara e cuja candidatura a sua perseverança fizera triunfar.
Três elementos poderosos contribuíram certamente para o bom resultado da empresa: a firmeza do povo, a espada de Nuno Álvares e a provada sagacidade do Dr. João das Regras.”

(Luciano Cordeiro, História de Portugal, II Volume, Livro VI, pags. 343 a 345, Empresa Literária de Lisboa, 1876)

sábado, 15 de maio de 2010

Votos de Feliz Aniversário pelo 65º Aniversário de S.A.R. Senhor Dom Duarte






O Chefe da Casa Real Portuguesa, Dom Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança é filho dos Duques de Bragança, Dom Duarte Nuno, Neto de D. Miguel I, Rei de Portugal e Dona Maria Francisca de Orleans e Bragança, Princesa do Brasil, trineta do Imperador D. Pedro I do Brasil, também conhecido como D. Pedro IV de Portugal.

Em período de exílio que atingiu a Família Real, nasceu na Suíça mas em território português: na Embaixada de Portugal em Berna, a 15 de Maio de 1945. Teve por padrinhos Sua Santidade o Papa Pio XII e por madrinha a Rainha Dona Amélia de Orleans e Bragança, então viúva de D. Carlos I, Rei de Portugal.

Permitido o regresso a Portugal da Família Real nos anos 50, estudou no Colégio Nuno Álvares (Caldas da Saúde) em Santo Tirso entre 1957 e 1959.

Em 1960 ingressou no Colégio Militar, prosseguindo, posteriormente, os Seus estudos no Instituto Superior de Agronomia e ainda no Instituto para o Desenvolvimento na Universidade de Genebra.

Cumpre o serviço militar em Angola como Tenente Piloto Aviador da Força Aérea entre 1968 e 1971. Durante esse período conheceu em profundidade as populações das então Províncias Ultramarinas, estabelecendo relações de amizade, em particular, com chefes tradicionais e lideres espirituais das várias religiões, circunstancias essas que lhe criaram dificuldades acrescidas com as autoridades em Lisboa.

Como Presidente da Campanha “Timor 87”, desenvolveu actividades de apoio a Timor e aos Timorenses residentes em Portugal e noutros países, iniciativa que teve o mérito de dar um maior destaque à Causa Timorense.

Sob a presidência do Senhor Dom Duarte participaram dessa campanha numerosas personalidades notáveis de diferentes quadrantes da sociedade portuguesa da altura, conseguindo-se a construção de um bairro para Timorenses desalojados.

Através da Fundação Dom Manuel II, instituição que preside, deu continuidade a esse empenho através de ajudas financeiras para a concretização de projectos nos domínios da educação, cultura e promoção do desenvolvimento humano em Timor e noutros países lusófonos.

Encetou contactos a vários níveis incluindo uma visita aos Governantes Indonésios, e a Timor Sob ocupação, que contribuiu decisivamente para uma mudança da atitude do Governo Indonésio e para O despertar de consciências em relação ao processo de independência daquele território.

É Presidente Honorário e membro de diversas instituições, sendo actualmente membro do Conselho Supremo dos Antigos Alunos do Colégio Militar e Presidente Honorário do Prémio Infante D. Henrique, programa vocacionado para jovens e que tem como Presidente Internacional S.A.R. o Duque de Edimburgo.

Desde muito jovem dedicou a sua atenção á defesa do ambiente, pertencendo desde os dez anos à Liga para a Protecção da Natureza.

Manifestando um profundo interesse e amor por Portugal e por toda a presença de Portugal no mundo, só ou acompanhado da sua Família percorre anualmente várias regiões do País, países lusófonos e comunidades portuguesas no mundo inteiro a convite dos responsáveis locais.

É Grão Mestre da Ordem de N. Sra. da Conceição de Vila Viçosa, da Real Ordem de São Miguel da Ala, Juiz da Real Irmandade de São Miguel da Ala, Bailio Grã-Cruz da Ordem Soberana de Malta, membro do Conselho Científico da Fundação Príncipes de Arenberg.

Agraciado por múltiplas ordens honoríficas, o Duque De Bragança está ligado por laços familiares a várias Casas Reais da Europa, nomeadamente: Luxemburgo, Áustria-Hungria, Bélgica, Liechenstein, Itália, Espanha, Roménia, Sérvia, Bulgária Thurn e Taxis, Bourbom Parma, Loewenstein etc.

Visita regularmente países com estreita relação histórica a Portugal frequentemente a convite dos respectivos Governos ou Chefes de Estado com quem mantém laços de amizade, como por exemplo o Brasil, Arábia Saudita, os Emiratos Árabes Unidos, Japão, China, Marrocos, Rússia, Estados Unidos, etc.

Casou a 13 de Maio de 1995, com a Senhora Dona Isabel de Herédia, e é pai de:
Dom Afonso de Santa Maria, Príncipe da Beira, nascido a 25 de Março de 1996 e baptizado em Braga a 1 de Junho de 1996,
Dona Maria Francisca nascida a 3 de Março de 1997 e baptizada em Vila Viçosa em 31 de Maio de 1997
Dom Dinis nascido a 25 de Novembro de 1999 e baptizado no Porto em 19 de Fevereiro de 2000

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Inauguração da Biblioteca Ruy Gomes da Silva- Chamusca



A Real Associação do Ribatejo, foi convidada a estar presente, no dia de hoje 14 de Maio de 2010, pelas 11.00horas na Pessoa do seu Presidente, na Inauguração da Biblioteca Municipal da Chamusca " Ruy Gomes da Silva", Principe de Eboli.
Inauguração que ocorreu no decurso das tradicionais "Festas da Ascenção da Chamusca".
Fomos, primorosamente, recebidos pelo Senhor Presidente da Camara Municipal da Chamusca,Sergio Carrinho, incorporando as entidades oficiais, entre as quais se encontrava a senhora Governadora Civil, Dra.Sónia Sanfona, (ex colega de escritório do Actual Presidente da Real Associação do Ribatejo, Dr. Orlando Góis). Após a inauguração e visita ás instalações, seguiu-se um Porto de Honra, servido aos convidados.
Esteve ainda presente o Professor Doutor António Hespano, da Faculdade de Direito de Lisboa.

Ficou agendado o compromisso de envidaraem-se esforços no sentido de colaboração cultural com o Município da Chamusca.

Breve biografia de Ruy Gomes da Silva:

Noa ano de 1516 nasce na Chamusca o segundo filho varão de Francisco da Silva e Maria de Noronha, Ruy Gomes da Silva.
Ruy Teles de Meneses, conde de Unhão, avô por linha materna de Ruy Gomes da Silva e mordomo-mor da Infanta D. Isabel, fez com que este fosse incluído no sequito imperial.
Assim , e com apenas dez anos de idade,Ruy Gomes da Silva vê-se forçado a acompanhar a Infanta na sua deslocação para Castela, onde iria casar com o Imperador Carlos V.

As Brincadeiras e Cumplicidades de Ruy e Dom Filipe

A 21 de Maio de 1527, uma ano após a chegada de Ruy á corte castelhana, nasceu o filho do casal imperial, o Principe S.A.R. Dom Filipe, com quem iria privar e criar uma forte relação de amizade, reforçada após a morte da Imperatriz Dona Isabel.
Ruy Gomes da Silva foi o unico estrangeiro a fazer parte dos seis priveligiados que participaram na educação do pequeno príncipe.

O Cavaleiro

Ao longo dos anos, uma profunda amizade e a partilha dos gostos comuns aproximaram ainda mais Ruy Gomes da Silva e o Futuro Rei, Sua Majestade Dom Filipe II.
Excelentes cavalaeiros participavam em todon o tipo de competições, destacando-se Ruy Gomes da Silva pela sua coragem e habilidade na arte de bem cavalgar.

O Conselheiro

Considerado como o mais intimo conselheiro de Sua Majestade, Rei Dom Filipe II e fiel depositário dos segredos particulares e dos mais relevantes do Estado,Ruy Gomes da Silva foi o homem da sua maior confiança.
intitulado por muitos como Rei Gomes da Silva, foi um homem discreto mas perseverante, influenciando as mais importantes decisões de Sua Magestade Filipe II.

O Politico

Para poder integrar, Ruy Gomes da Silva no seio de uma sociedade muito segmentada e fechada, era fundamental engrandecê-lo em ermos nobiliárquicos. Assim El Rei Dom Filipe II, Atribui-lhe Inúmeros títulos, entre eles: Comendador de Esparregal n Ordem de Alcantara; Conselheiro de Estado;Contador Mor de Castela e das Indias, Principe de Éboli e Grande da Espanha.

Ruy Gomes da Silva casou-se com Ana Mendonça e de la Cerda, em 18 de Abril de 1553 e apadrinhado por S.M. Rei Dom Filipe II, quando esta tinha apenas 13 anos de idade.
Este casamento proporcionou a Ruy Gomes da Silva um novo estatuto.
Ana Mendonça e de lacerda era uma mulher extremamente bonita e apresentava como particularidades uma pala sobre o olho direito que tinha cegado durante um jogo de florete. Do casamento resultou o nascimento de oito filhos, tendo cinco chegado á idade adulta.
Os Duques de Pastrana e Principes de Éboli deram ainda a Portugal uma rainha, a sua trineta Dona Luísa de Gusmão.
Dona Ana de Mendonça e S.M. Dona Isabel de Valois, mulher do Rei Filipe II eram muito amigas, depositando a Rainha a máxima confiança nela.
Concessão do Alvará aos Lugares da Chamusca e de Ulme
Francisco da Silva, 3º Donatário da Chamusca e de Ulme protagonizou a primeira tentaiva conhecida de solicitar a autonomia das suas terras. No entanto só com a forte inflência de Ruy Gomes da Silva e sob a de D. Catarina ( na menoridade de D. Sebastião) foi dado a 18 de fevereiro de 1561 o Alvará que permitiu elevar a Vilas os Lugares da Chamusca e de Ulme.
Na Corte do Rei Filipe II, teve como seu Grande opositor o Duque de Alba, que era um homem que defendia as posição de uma espanha una e impsota pela força e Ruy Gomes da Silva era mais diplomata e procurava obter posições consensuais, era conhecido pelo principe da Paz.
Ruy Gomes da Silva, construiu a vila ducal de Pastrana, que em tudo se assemelhava á sua terra Natal, Chamusca e foi o reviver da sua Infancia. eram frequentes as festas , torneios, touradas, bailes e competições, neste Paço Ducal.
Ruy Gomes da Silva, faleceu em Madrid em 29 de Julho de 1573, bastante debilitado e frágil, depois da sua morte sua mulher viu-se envolvida numa trama politica que ditou o seu enclausuramento no seu Palacio Ducal em Pastrana, aí vivendo os seus ultimos dias.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Rei ao lado do seu Povo Maio 11, 2010



O Rei ao lado do seu Povo Maio 11, 2010


Outros não o fariam. A começar pelos actuais governantes. Mas o Senhor D. Duarte e a sua Família são pessoas simples. De trato e de hábitos. A eles não lhes repugna estar no meio do Povo. As fotos, de autoria do deputado José Ribeiro e Castro, esta manhã em plena Av. da República em Lisboa são bem elucidativas. A Família Real estava, como o demais Povo, atrás das grades. A ver passar o Papa. Uma lição para aqueles para quem gestos deste tipo são impossíveis. No fundo, e como sempre, o Rei com o seu Povo!

Fonte Blogue Corta Fitas

domingo, 9 de maio de 2010

Relembrando as Palavras de Dom Duarte...em 2003


Intervenção em Serralves
Dom Duarte de Bragança




Aceitei este honroso convite de um debate com o Sr. Prof. Arquitecto Souto Moura por considerar que, embora seja um leigo na matéria, sou um utilizador, um consumidor atento do trabalho dos arquitectos e urbanistas.

Lembro-me bem que, quando era criança, estranhava e lamentava o facto de as construções modernas nunca terem a beleza das antigas, e perguntava aos crescidos porque era assim?

Normalmente respondiam-me que tinha que ser assim porque hoje já não se sabia construir como dantes. Alguém disse-me até que desde que a república tomou conta de Portugal perdeu-se o sentido da harmonia, pois o importante era a revolução. Outros diziam que a harmonia era o reflexo da obra de Deus e agora Deus tinha sido expulso da nossa sociedade.

Com este tipo de influências na minha infância não admira que as tendências reaccionárias se tenham entranhado no meu subconsciente de então...

Mas com o passar dos anos e a adolescência, pus em causa muito do que me disseram na infância e procurei perceber a beleza da arquitectura moderna. E descobri que se tratava às vezes não era de construir casas mas sim belas esculturas que servissem também para lá viver e trabalhar. Ainda hoje fico deslumbrado com a perspectiva da avenida dos ministérios em Brasília e com a beleza dos seus palácios e da sua Catedral e da Igreja de D. Bosco! E sob essa perspectiva tenho que admirar muitas das obras dos nossos arquitectos contemporâneos portugueses...

Não tenho dúvidas de que a arquitectura, para além de ser uma técnica é sobretudo uma arte, e é sem duvida a única arte realmente importante para a nossa vida.

Ao contrário da pintura, da música, etc., as quais podemos escolher ou evitar se nos desagradam, nós não podemos fugir, não podemos evitar o resultado da obra dos arquitectos, que na verdade molda o futuro das comunidades humanas que lá vivem

Durante milénios a arquitectura foi fruto da cultura dos povos.

Quem construía eram artesãos que iam aprendendo com os seus mestres.

A extraordinária arte dos construtores de catedrais, castelos e palácios foi preservada e desenvolvida pelas Corporações de pedreiros livres cujos mestres ensinavam o que sabiam aos seus alunos e circulavam por toda a Europa.

Instituições semelhantes existiram em todas as grandes culturas do velho e do novo mundo, no Oriente e no Ocidente.

Como em outros aspectos da vida, a industrialização pôs em causa muitos dos valores das sociedades tradicionais.

No séc. XX vimos desaparecerem muitas culturas esmagadas pela globalização.

Felizmente assiste-se hoje a uma reacção, e pela primeira vez de há muito tempo, as elites culturais aceitam essa reacção como justa, em vez de insultar os seus militantes com epítetos tais como retrógrados, reaccionários, contra-revolucionários, etc.

Felizmente esta reacção é uma bandeira das esquerdas políticas, desiludidas com o marxismo e inseguras quanto ao significado do socialismo..

Os partidários da globalização encontram-se hoje entre os devotos da “religião” fundamentalista do progresso universal e entre os mais entusiastas apoiantes do capitalismo liberal e apátrida.

Estranhamente os intelectuais de esquerda em Portugal só não contestam ainda a globalização em matéria de arquitectura.

Será que esta atitude está relacionada com a origem ideológica do modernismo?

O movimento modernista faz parte da corrente ideológica socialista que pretende criar um homem novo cortando com as raízes culturais que transmitem todos os vícios e comportamentos do passado: religião, família, estrutura económica e forçosamente arquitectura.

O socialismo hoje é basicamente uma doutrina moral que pretende acabar com as injustiças sociais e lutar pela igualdade de direitos entre todos.

A vontade de despertar o proletariado para a luta de classes está na origem do urbanismo social do séc. XX.

Pela primeira vez na Europa a população das cidades foi dividida em bairros conforme a sua condição económica.

Os mais pobres vivem em “ghetos”, a burguesia remediada na cidade tradicional e os ricos vão viver para condomínios fechados.

Mas as consequências dessa lógica urbanística foram desastrosos para as suas vítimas...

Em toda a parte os chamados “bairros sociais” modernos são focos de infelicidade e produzem o comportamento marginal dos jovens e agravam as causas da pobreza.

Não só os regimes comunistas criaram a sua arquitectura simbólica, também os regimes fascistas o fizeram e até Portugal teve a sua arquitectura do «Estado Novo». Vários grandes arquitectos portugueses se entusiasmaram por essa tendência.

Em reacção surgiu entre nós o movimento liderado por Raul Lino.

Cito um artigo do Professor Cornélio da Silva:

“O conhecimento que adquiriu dos edifícios portugueses mais exemplificadores da nossa arte de edificar, privilegiou-o face aos seus contemporâneos nacionais, formados numa arquitectura burguesa dominante de importação francesa. A voz nacional corrente no domínio da arquitectura não reconhecia os variados modelos do património formal, tanto erudito como vernacular. Limitava-se a opor uma tradição construtiva despojada de finais do sec. XVIII que ainda perdurava, denominada de “estilo pombalino.”

Raul Lino de posse de uma cultura estruturalmente sólida e europeia, completada também por uma apreciável formação musical, conseguiu ver mais longe e de forma idealizada os factores estruturantes e condicionantes da expressão cultural portuguesa pela sua actividade de arquitecto. Na verdade soube ver e ler em Portugal os ingredientes que mais tarde uma grupo de pensadores igualmente viriam a identificar sob outras análises, como base de uma vocacionada identidade biológica, geográfica, social e política denominada Integralismo Lusitano.”

São a arquitectura e o urbanismo contemporâneos, na sua substancia comparáveis à complexidade dos resultados alcançados pelas outras épocas? É verdade que uma cidade inteiramente barroca não revela necessidade de uma presença gótica e que as cidades renascentistas dispensam os vestígios de outras épocas. Será que as criações recentes são detentoras da mesma capacidade?

Será que o movimento moderno, autoproclamado como expressão única da sua época, está à altura das suas ambições?

Será que a formidável criatividade mecanicista da era industrial encontrou realmente o seu equivalente, ao nível da arquitectura e do urbanismo?

Será que o urbanismo do séc. XX é apenas capaz de se revelar como um “suburbanismo” e este tornou-se como o próprio símbolo dos efeitos perversos de se “viver em sociedade” ?

Mas existirá realmente uma arte de criar e conceber as cidades de hoje ? Cidades capazes de nos atrair e seduzir, cidades que nós iríamos escolher para viver ? Existe, de facto, uma escolha em matéria de arquitectura?

Gostaria de citar o Arq. Léon Krier, que afirma:

“Existem actualmente, dois tipos de arquitectura. Uma pública, uniformizante, de estilo internacional, que pode ser interpretada como arrogante, mesmo provocadora; a outra privada, frequentemente baseada nos modelos regionais, procurando integrar-se de forma natural e harmoniosa nas diferentes paisagens.

A primeira é o produto da arquitectura oficial, das encomendas, e concursos “públicos” controlados: simbolizam-na em geral os grandes conjuntos, equipamentos e instituições (hospitais, escolas centros culturais, etc).

A segunda, resultante unicamente da promoção privada, inclui as habitações individuais e, mais recentemente, grandes conjuntos de lazer adaptados às regiões, seja isso na Virgínia, na Provence, na Nova Inglaterra, nas Bahamas, na Baviera, na Toscânia ou mesmo em Portugal.

Ora, perante esta realidade democrática maciça, os ideólogos, não se podem dar ao luxo de a ignorar, tomam uma distância denunciadora. Ao invés de investirem neste fenómeno da sociedade de maneira inteligente, de o civilizarem através da critica e da pedagogia, refugiam-se no desprezo.

No entanto nos países democráticos avançados a arquitectura de lazere do sector residencial não subsidiado é presentemente dominada por concepções que pertencem à arquitectura tradicional.

Os grades estaleiros urbanos de Richmond, Port Grimaud, Gassin Sea Side , Florence, Potsdam, etc., revelam que os grandes equipamentos modernos, ou seja, bairros inteiros derivados de uma arquitectura e urbanismo tradicionais podem ser realizados em prazos extremamente curtos, com capacidade de resposta às exigências da sociedade industrial desenvolvida. Aqui temos, talvez, as primeiras grandes realizações de uma modernidade serena e cívica, ou seja, não alienante, nem Kitsch, nem agressiva.

A liberdade de escolha, a liberdade de expressão e o respeito pelas leis constituem as virtudes principais da democracia política. Uma pluralidade de estilos de vida, de credos e, portanto, de estilos de arquitectura e de cidade constituem a expressão natural deste conceito. Não pode existir um único estilo “democrático”, assim como não poderá existir um “partido democrático único”.

É um erro atribuir a responsabilidade do aspecto caótico das nossas cidades e dos nossos campos ao pluralismo democrático. Ele, por si só, também não exprime de forma alguma o fundamento pacífico, organizado e convencional da sociedade civil e não facilita o seu desenvolvimento harmonioso.

As diferenças de opinião podem conduzir a um conflito ou solucionarem-se num debate civilizado. A pluralidade de visões urbanísticas e arquitectónicas ao invés de tender para uma desordem generalizada, pode ser canalizada a fim de produzir uma pluralidade de cidades e aldeias extremamente diferentes na sua estrutura, na sua arquitectura, na sua densidade; cada uma segundo a sua própria unidade e harmonia. A sua especificidade.

A exacerbação das diferenças, por um lado, e a confusão das diferenças, pelo outro, constituem os limites extremos da virtude democrática. Democracia é sinónimo de, acima de tudo, convívio de diferenças e o seu desenvolvimento num quadro de tolerância. A existência de partidos contrastados é largamente aceite como base constituinte da vida política. Os partidos políticos não se encaram mutuamente como inimigos mortais, mas como representantes que procuram a realização de projectos políticos, por vezes opostos, sem pôr em causa a sobrevivência do sistema político. Cabe o mérito à Revolução Americana, pelo facto de ter instituído a tolerância como fundamento do debate democrático. Tolerância não implica o abandono de certezas: pelo contrário ela oferece às variadas preposições políticas e, por extensão , às distintas e diferenciadas concepções de cidade e arquitectura, a sua oportunidade de realização de forma coerente, sem compromisso depreciador.

Neste final do séc. XX, o pluralismo arquitectónico parece revelar dezenas de anos de atraso em relação ao pluralismo político.

A própria configuração das cidades é uma questão de escolha e não de fatalidade; aqueles que pretendem o contrário optam por não reconhecer que o aspecto desordenado das nossas cidades não se deve a um “laisser-faire” desenfreado, mas à materialização duma ideologia errada de planificação. A crise das periferias constitui uma ilustração trágica disso.

O vazio teórico e prático criado durante 50 anos de dogmatismo devastou tanto os espíritos como as cidades. Ao nível da teoria da arquitectura, os novos dogmas da incerteza, da ironia, da desconstrução, da ruptura, da descontinuidade e do substituível opõem-se a todo o pensamento lógico e explícito.

Aristóteles afirmava que a democracia não constitui uma forma de governo ideal, mas que ela é, em todo o caso, preferível à tirania. É necessária uma grande pluralidade de arquitectos, comparável à imagem dos meios políticos que se toleram e organizam, para garantir a saída do actual caos das cidades e das mentalidades.

Se o desenvolvimento da democracia cultural parece mais lento do que o da democracia política, as suas manifestações concretas naquilo que se refere à arquitectura, tornaram-se de tal forma evidentes que é impossível ignorá-las.

Com efeito, pode-se afirmar que a diversidade na concepção da cidade e da arquitectura constituem um complemento e uma ilustração necessária à diversidade de expressões políticas.

A modernidade arquitectónica não pode ser um fenómeno unitário e indivisível, mas inclui manifestações contrárias, contraditórias, em todos os campos pluriformes.

A única certeza que podemos ter quanto à arquitectura futura é a de que o reino da democracia de partido único foi deposto.”

Este pluralismo incontornável não conduz necessariamente as cidades ao caos; ele contém o germe de uma liberdade de escolha fundamental.

Se a existência de grupos de pressão que procuram influenciar o processo de decisão em matéria de arquitectura e urbanismo é aceite como um facto, desconhece-se a existência de um grupo de acção cívica que procure influenciar o “design” de aviões, frigoríficos ou de cadeiras de dentista. A autoridade das profissões que cumprem as suas promessas não é contestada senão raramente.

Com efeito, a reivindicação de intervenção constitui uma declaração de desconfiança dirigida apenas ao modernismo, pois não existe um movimento de crítica, contestação e protesto contra a arquitectura tradicional. Os arquitectos atribuem a responsabilidade dos terríveis insucessos do pós-guerra ao facto de que teriam apenas influenciado uma ínfima parte da actividade de construção.

Aqui ignoram-se dois factos importantes: se os arquitectos tivessem controlado integralmente o mercado de construção – como era o caso na Ex-União Soviética e nas cidades novas -, os efeitos do modernismo teriam sido ainda mais graves; nas grandes culturas arquitectónicas do passado, a maior parte dos edifícios domésticos não era projectada por arquitectos, mas por mestres construtores seguindo os parâmetros do costume. A autoridade moral e artística dos arquitectos não era contestada pois os seus modelos eram imitados, tanto pelos ricos como pelos pobres.

A autoridade da arquitectura tradicional, que perdura nos países democráticos, não pode ser justificada pela ignorância popular, por uma imposição autocrática ou pela manipulação psicológica. É uma tendência profunda do mercado, que transcende as flutuações dos gostos e das modas.

As culturas tradicionais desconhecem, tal como paradoxalmente é o caso nas democracias actuais, esse fosso intransponível entre cultura de elite e cultura comum.

Os gostos diferem em qualidade e refinamento, mas não na substância ou na forma. Não constitui uma ironia o facto de, em democracia, o gosto popular se encontrar mais próximo dos ideais formais, aristocráticos, do que certas modas artísticas liberais?

Um dos caso de sucesso da arquitectura contemporânea é o museu Guggenheim em Bilbao, e até é conhecida a expressão “Efeito Bilbao”, como exemplo da reanimação cultural e económica de uma cidade histórica.

Mas a verdadeira história não é conhecida...

A Câmara Municipal queria construir o museu numa zona histórica, mas o arquitecto Gehry recusou-se a alterar o perfil do “casco viejo” e escolheu uma zona suficientemente afastada da área histórica (onde aliás os edifícios novos são obrigados a seguir a arquitectura tradicional do bairro).

Ele escolheu uma zona sem “memórias históricas” pré-existentes, demonstrando um respeito pelo passado que em Portugal nem sempre é praticado pelos responsáveis autárquicos.

Hoje as visitas ao museu diminuíram muito, pois o que as atraía era a curiosidade pelo objecto raro, não o seu conteúdo; mas Bilbao melhorou globalmente devido a muitos outros projectos: saneamento do rio, um excelente metropolitano, centro de exposições uma exemplar obra de restauro dos bairros históricos.

É sabido que 80% dos turistas na Europa querem visitar cidades e bairros históricos.

Se o dinheiro gasto na Expo ou no C.C. de Belém tivesse sido investido, em parte, no restauro de Alfama, o impacto económico teria sido muito mais positivo.

Em Portugal os técnicos do IPPAR têm trabalhado com entusiasmo e dedicação no restauro dos nossos monumentos mas seguindo o critério de intervenções por vezes muito chocantes.

Defendem que “o contraste fica bem”.

Se alguém realiza uma viagem longa para visitar um castelo medieval, está interessado em sentir-se na Idade Média e não em ver as intervenções contemporâneas.

Bem sei que o IPPAR apoia-se na “Carta de Veneza”, criada em 1964 para dar uma base coerente e contemporânea à conservação e restauro dos monumentos antigos. Ela é para os monumentos antigos aquilo que a Carta de Atenas foi para o urbanismo, em 1931: um manifesto modernista.

Ela conseguiu de tal forma modificar as atitudes, que os seus princípios são hoje aceites como dogmas entre os especialistas, que não parecem questionar os resultados obtidos.

Em resumo: a Carta de Veneza diz que o restauro deve ser excepcional e que a consolidação de um monumento pode ser assegurada fazendo apelo a todas as técnicas modernas.

Artº 11 : a unidade de estilo não constitui um objectivo a atingir durante o curso de um restauro.

Artº 12 : Os elementos destinados a substituir as partes que faltam devem-se integrar harmoniosamente no conjunto, distinguindo-se das partes originais, a fim de que o restauro não falsifique os documentos da arte e da História.

Infelizmente, os resultados destas regras têm levado a que os restauros se tornaram num instrumento de conservação de ruínas e bocados e não das belas obras de arquitectura que se deveriam proteger.

Todos os edifícios precisam de restauros, e o facto de um monumento ou um simples moinho, ter sido negligenciado e caído em ruínas, não deveria impedir que fosse restaurado na sua plenitude original.

O Artº 15 diz: “todo o trabalho de reconstrução deverá ser excluído a priori. Os elementos de integração serão sempre reconhecíveis...

Ora para uma obra manter o seu carácter próprio e a sua unidade é necessário usar o mesmo tipo de materiais e técnicas que se usou na sua construção original.

De resto, quando se trata de restaurar edifícios modernistas, o critério é o de absoluta fidelidade ao desenho original...

Porque será que só os monumentos modernistas é que merecem este respeito ? Será por preconceito ideológico ou de classe ?

A Carta de Veneza transforma os trabalhos de restauro em actos de violação obrigatória, no caso dos edifícios pré-modernistas.

Parece-me tão absurdo como querer restaurar um quadro ou um móvel renascentista ou medieval, usando alumínios e plásticos, para “marcar a nossa época”.

É isto que estão a fazer aos nossos castelos e mosteiros.

Em vez de restauros temos “intervenções” que alteram o carácter do monumento.

E o prazer dos visitantes, que é o de fazer uma “viagem no tempo” é destruído em benefício da satisfação intelectual e do “ego “ dos técnicos e especialistas.

Em Castelo Rodrigo ouvi a revolta da população e dos autarcas perante as obras lá realizadas . Acusavam os técnicos de serem ditadores. Comentei isso com um jornalista local e, sem querer , provoquei grande descontentamento na direcção do IPPAR, expressa numa carta assinada por todos os responsáveis.

Espero que estas minhas afirmações de hoje sejam aceites como uma divergência de critérios e não como uma agressão a uma instituição cujos membros muito admiro e aprecio e que tem feito também muito de bom.

Em geral, as populações e os visitantes ficam chocados com estas experiências. O caso dos dois edifícios em forma de paralelepípedos que construíram dentro das muralhas de Sagres causou grande polémica internacional.

Outras agressões do mesmo género passam despercebidas.

Pergunto: será legítimo, em Democracia, alterar os nossos monumentos à revelia dos seus utilizadores e verdadeiros proprietários? Em países verdadeiramente democráticos os casos mais polémicos são geralmente resolvidos com recurso a referendos regionais; esta seria uma boa solução para o nosso caso, desde que ambas as partes pudessem expor as suas razões com o mesmo “tempo de antena “...

Mesmo em vilas impecavelmente preservadas, onde aos habitantes se exigem grandes sacrifícios para não alterar a traça das suas casas, o Estado permite-se alterar completamente a traça da localidade construindo uma pousada, uma escola, uma Câmara Municipal completamente desintegrados !

Nem vale a pena citar exemplos ... mas a nova torre em frente à Sé do Porto ou a fortaleza marroquina em frente aos Jerónimos são emblemáticos desta mentalidade , que considera que a nossa geração tem o direito de destruir a harmonia e as perspectivas dos monumentos e paisagens que fazem parte do nosso imaginário colectivo.

Espero que este encontro, que se deve à disponibilidade, que agradeço, do Sr. Prof. Souto Moura e da Sra Arquitecta Helena Roseta em dialogar com alguém que não pertence à profissão, e ao espírito de abertura e criatividade da Fundação Serralves, sirva para começar um diálogo entre os vários responsáveis e intervenientes pela arquitectura, urbanismo e restauro em Portugal, criando um confronto criativo entre as duas tendências que em todo o mundo dividem os responsáveis pelo sector.

Dom Duarte de Bragança





(Palavras proferidas por S. A. R. no dia 22 de Maio de 2003 no início de um debate na Fundação Serralves, no Porto, com o Prof. Arq. Souto Moura)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

S.A.R., DONA ISABEL DE BRAGANÇA INTEGRA COMISSÃO DE HONRA DO PROJECTO "UM LUGAR PARA O JOÃOZINHO"

Porto, 06 Maio (Lusa) - S.A.R., Dona Isabel de Bragança, mulher de S.A.R., Dom Duarte Pio, Duque de Bragança, vai integrar a Comissão de Honra do projeto "Um lugar para o Joãozinho", anunciou hoje o Hospital de S. João, no ...Porto. O projeto foi lançado em Maio de 2009 com a finalidade de angariar fundos para a construção de uma nova ala pediátrica naquele hospital do Porto. Dona Isabel de Bragança visita sábado o Serviço de Urgência Pediátrica do "S. João", assumindo publicamente a sua integração na comissão de honra do projeto.
In "Expresso" de 06-05-2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Razão de o ser, por Paulo Teixeira Pinto

Sou monárquico. Isso sei-o bem.

Desde quando sou monárquico? Isso já não o sei dizer bem. Desde sempre? Bem, pelo menos desde que me lembro. Porque sei que desde o momento em que, ainda adolescente, meditei pela vez primeira sobre o assunto descobri, no mesmo instante, que era, naturalmente, monárquico.

Porque sou monárquico? Como acabei de dizer, para mim tratou-se de uma revelação natural, isto é, feita de acordo com a própria natureza das coisas. Não que tal decorra como inerente à própria condição humana, mas no meu caso pessoal resultou do reconhecimento da relação emocional e racional existente entre alguém que é português e Portugal, o mesmo é dizer entre uma ínfima parte e o todo a que esta pertence, uma Mátria que se fez Nação sendo um Reino.

Portugal ganhou identidade fazendo-se unido na sua pluralidade. E o que precisamente congregou e conferiu unidade às diversidades que sucessivamente lhe foram acrescendo foram os seus reis. O que tinham em comum todos aqueles que foram fazendo Portugal, no curso dos séculos e nos domínios das terras cujas fronteiras estavam sempre mais distantes, era o respeito a quem os conduzia e à bandeira que todos representava. Neste sentido, portanto, pode dizer-se que Portugal , porque nasceu, cresceu e envelheceu como Reino, é sem dúvida uma construção monárquica. Nada de mais natural, por conseguinte, do que um português gostar de gostar de Portugal, e só por isso reconhecer-se monárquico. Sem com isso se pretender, obviamente, que não haja portugueses que sejam republicanos e patriotas.

Porquê ser hoje contra a República? O problema é assim frequentemente colocado, embora o ponto não seja esse, antes o seu contrário. Não são os monárquicos que estão contra a República, mas os republicanos contra a Monarquia. Pois se foram aqueles quem derrubou esta...

Ser monárquico não é ser contra alguém ou alguma coisa. É ser por um ideal e estar em defesa de quem o encarna. Porque o Rei não é o senhor do Reino mas sim quem personifica em cada e determinado momento todos aqueles que vivem com identidade comum, num tempo comum e num espaço comum. O Rei é o primeiro servidor da comunidade, ou, dito de outro modo, o Rei é o último dos súbditos do Reino.

Nós, os monárquicos portugueses, também sabemos bem, à entrada do terceiro milénio, que a tradição que encerra a monarquia não é sinal de antiguidade, mas fonte de modernidade. Porque é uma prova de esperança. Esperança que Portugal não se dilua nuns putativos Estados Unidos da Europa. Não desconhecemos que só os povos que preservem os códigos da sua própria identidade poderão permanecer enquanto tais. Sem dúvida que é legítimo que alguns pretendam ser apenas europeus. Mas é mais legítimo ainda querer continuar a ser o que se é: portugueses por natureza e universais por vocação, logo também europeus por consequência.

A Europa não é, nem será nunca, uma Nação. E se não o é, nem pode sê-lo, também não deve pretender fingi-lo. Acontece que o faz. E sucede que o fingimento consiste em mascarar diversas Nações com as vestes de um Estado Federal. Ora, tal transformismo só é possível de encenação se nesta participarem abstractamente os chefes de Estado actuais. Resultará sempre realmente impossível se for ensaiado com Reis de Povos.

Por isso, ser monárquico hoje não é só uma manifestação de lealdade histórica. É sobretudo uma declaração de luta futura pela defesa da Independência de Portugal, para sempre.

E é esta a razão fundamental para todos os portugueses redescobrirem a necessidade e a urgência de emprestarem a sua vontade à restauração da Monarquia. Sem que isto signifique que até agora estejam convencidos do contrário, porque felizmente quase não há republicanos militantes. Se bem que, infelizmente, muitos ainda se julguem republicanos, apenas porque enfim...

Assim será até à proclamação: monárquicos porque sim!

Paulo Teixeira Pinto

Artigo de imprensa que relata a visita de Dom Duarte á OVIBEJA

Ovibeja 2010: José Sócrates visita hoje, a grande feira do Sul

Primeiro-ministro, José Sócrates, visita hoje, a Ovibeja. Escolheram este sábado também para visitar a grande feira do Sul o presidente do CDS-PP e Dom Duarte estão hoje, na Ovibeja.



Cumpre-se, neste sábado, o penúltimo dia de Ovibeja.

Cumpre-se, neste sábado, o penúltimo dia de Ovibeja, que fica marcado pela visita de José Sócrates. O primeiro-ministro está na grande feira do Sul, a partir das 12.30 horas. Meia hora antes chega Paulo Portas, presidente do CDS-PP, que escolheu este sábado para almoçar na Ovibeja. Para as 13.30 horas está agendada a visita de Dom Duarte à grande feira do Sul, que vai também assistir a uma conferência organizada pela Real Associação de Beja, dedicada ao tema “Monarquia uma ideia de futuro”, com o conferencista Coronel Américo Henriques e às 18.30 horas visita o espaço da Real Associação no Pavilhão Institucional.

No dia de hoje pode apreciar, tal como nos dias anteriores, um conjunto de iniciativas:

O penúltimo dia de feira começa cedo, com actividades desportivas, nomeadamente o segundo passeio todo-o-terreno turístico, organizado pela Associação TT-B Aventura, e a concentração está agendada para o NERBE. Às 11.00 horas e às 14.00 horas, pode assistir ao Concurso Nacional de Saltos, Classe E, no Picadeiro D. Diogo Braancamp Sobral e às 18.00 horas, neste mesmo espaço, ao Horse Ball.

Os colóquios também começam cedo neste sábado. Para as 10.00 horas está agendado, para o auditório do NERBE, o colóquio dedicado ao tema: “O papel da agricultura nas energias alternativas – Projecto Altercexa – no âmbito do POCTEP”, organizado pela Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Beja.

Às 15.00 horas, prosseguem os colóquios no auditório da Expobeja, sobre “As misericórdias – Uma régia ideia assistencial/A monarquia – uma ideia de futuro”.

Os concursos estão agendados para as 15.00 horas, com o XXI Concurso Regional de Beja do rafeiro alentejano, na avenida principal da feira.

A programação no espaço “Alentejo Blues” começa às 18.00 horas, com a tertúlia: “Os caminhos da Arte no Alentejo”, com o pintor António Inverno, prossegue com o showcase dos Virgem Suta marcado para as 19.00 horas e termina às 22.00 horas, com o DJ Aiuia.

Os espectáculos hoje, vivem o seu momento alto, com a apresentação às 22.30 horas, na Arena Multiusos da brasileira Daniela Mercury. A noite termina ao som do DJ Pedro Tabuada, também na Arena Multiusos.

“Todo o Alentejo deste mundo”, para apreciar até ao dia de amanhã, no Parque de Feiras e Exposições de Beja.

Ana Elias de Freitas

Artigo recolhido da Radio Voz da Planicie 104.5 FM